- O sono é uma parte vital da saúde e do desenvolvimento infantil, mas muitas crianças com perturbação do espectro do autismo (PEA) enfrentam desafios significativos nesta área. Esses desafios não só afetam a criança, mas também podem impactar toda a família. Como terapeutas ocupacionais pediátricos, compreender a relação entre o sono e o processamento sensorial no autismo é crucial para oferecer intervenções eficazes.
- Distúrbios do sono são comuns em crianças com PEA. Estudos indicam que distúrbios do sono afetam até 50% dos adultos com PEA e 80% das crianças com PEA, tais como, dificuldade para adormecer, sono intermitente e/ou acordar cedo demais. Estes problemas podem ser exacerbados por uma série de fatores, incluindo as alterações no processamento sensorial
Processamento Sensorial e PEA
- As diferenças no processamento sensorial estão presentes em 60-80% das crianças e adultos com PEA, tornando essencial compreender como essas duas áreas se interrelacionam.
- A inclusão do critério “Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente (por exemplo, indiferença aparente à dor/temperatura, resposta adversa a sons ou texturas específicas, cheiro ou toque excessivo de objectos, fascínio visual por luzes ou movimentos)” no DSM-V é uma mudança notável e reflete a crescente compreensão de que as diferenças no processamento sensorial são uma característica central na PEA.
- Essas alterações no processamento sensorial podem impactar significativamente o comportamento e o funcionamento diário das pessoas com PEA, desde a sua participação na alimentação e no sono até a capacidade de participar em atividades sociais e educacionais.
Relação entre Processamento Sensorial e Sono
- As alterações no processamento sensorial podem ter um impacto direto na qualidade e na quantidade de sono em crianças com PEA. Exemplos de como estas alterações podem afetar o sono podem ser:
Desconforto com o Ambiente de Sono:
- – Sons: Crianças com hiperreativideade podem ter dificuldade em adormecer ou manter o sono devido a ruídos ambientais que outras crianças poderiam ignorar (ex. som de aparelhos eletrónicos)
- – Texturas: A textura dos lençóis, pijamas e almofadas podem causar desconforto significativo em crianças com hiperreatividade tátil, dificultando a regulação do nível de alerta necessário para adormecer.
Dificuldade em Regular a Excitação neuronal
- As dificuldades de processamento sensorial podem dificultar a regulação do nível de alerta e estado de relaxamento necessário para adormecer.
Comportamentos de procura sensorial
- A procura de atividades sensoriais intensas perto da hora de dormir pode dificultar a transição para um estado de alerta adequado e estado de calma para o sono.
- A relação entre sono e processamento sensorial em crianças com PEA exige uma abordagem cuidadosa e individualizada. Como terapeutas ocupacionais pediátricos, é importante colaborar com as famílias para desenvolver estratégias que atendam às necessidades sensoriais únicas de cada criança, promovendo uma melhor participação no sono, e consequentemente, uma qualidade de vida superior.
- Compreender e abordar as questões do processamento sensorial na PEA é essencial para fornecer um suporte eficaz às crianças e suas famílias.
- O poster que vais encontrar abaixo é o resultado de uma scoping review sobre a relação entre sono e processamento sensorial em pessoas com autismo. Esta revisão foi aceite para publicação no jornal Frontiers in Psychology, numa secção especial sobre processamento sensorial. Apresenta essencialmente o que sabemos até ao momento sobre a relação entre integração sensorial e sono em crianças e adultos com autismo.
- Além disso, adicionamos também uma micro-aula com um video de apresentação do poster.
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