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Alimentação - 22 de Agosto, 2023

#230 Perguntas e Respostas sobre Alimentação

Perguntas e Respostas sobre Alimentação

  • Em terapia ocupacional pediátrica é frequente trabalharmos com crianças que enfrentam dificuldades de alimentação.
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  • Apesar de cada terapeuta ter a sua própria abordagem, com base nas necessidades e peculiaridades de cada criança, há uma linha comum: a intervenção deverá ser holística e envolve não só a criança, mas também a sua família e outros cuidadores. Essa abordagem multifacetada pode ser aplicada em vários contextos – seja na clínica, em casa ou até mesmo na escola.
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  • Naturalmente, com uma abordagem tão abrangente, surgem dúvidas.
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  • Quando procurar ajuda? Por que é que certas técnicas são utilizadas? Como é feita a escolha das intervenções? E, principalmente, como tudo isso beneficia a criança?
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  • Se és cuidador ou profissional que trabalha com crianças com problemas de alimentação este post é para ti.
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  • Apresentamos algumas das perguntas mais frequentes sobre o assunto e suas respostas, na esperança de esclarecer e desmistificar o processo de intervenção nas dificuldades de alimentação em crianças.
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  • Sente-te à vontade para partilhar esta informação com outras pessoas que precisam de ver estas questões esclarecidas
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  • Vamos mergulhar?

Conteúdo

Quais são os sinais de que uma criança pode precisar de intervenção em dificuldades de alimentação?

  • Recusa consistente de certas texturas ou grupos alimentares: Algumas crianças podem demonstrar aversões fortes a determinadas texturas de alimentos, como alimentos moles, crocantes ou granulados. Esta recusa pode ser tão intensa que excluem categorias inteiras de alimentos, como frutas ou legumes. Tal comportamento vai além da típica seletividade alimentar das crianças.
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  • Engasgos frequentes ou vómitos durante as refeições: Enquanto um episódio ocasional de engasgamento pode ocorrer, a repetição frequente destes eventos pode ser um sinal de problemas de deglutição ou outras complicações orais. O vómito recorrente, especialmente se for uma resposta à introdução de novos alimentos ou texturas, pode indicar uma aversão severa ou uma resposta física a algo que a criança consumiu.
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  • Crescimento lento ou perda de peso: Se uma criança não recebe os nutrientes necessários na sua dieta, isso pode resultar em crescimento lento ou estagnado. A perda de peso em crianças, especialmente se for repentina ou inexplicada, pode ser um sinal de que elas não estão a consumir calorias suficientes ou não estão a absorver adequadamente os nutrientes dos alimentos que ingerem.
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  • Ansiedade ou stresse evidente durante as refeições: A alimentação deve ser uma experiência agradável e social. No entanto, se uma criança demonstra sinais claros de ansiedade, como choro, agitação ou comportamento evasivo durante as refeições, isso pode indicar uma aversão alimentar, medo de engasgamento ou outras preocupações relacionadas à alimentação.
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  • Dificuldade na transição para texturas sólidas: A criança pode ter problemas ao mudar de alimentos líquidos ou pastosos para texturas mais sólidas, o que pode ser um sinal de aversão sensorial ou problemas de desenvolvimento motor oral.
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  • História de Traumas Alimentares: Experiências passadas negativas, como cirurgias orais ou engasgamentos significativos, podem levar a medos ou aversões alimentares.
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  • Limitação acentuada na variedade de alimentos: Se a criança come menos de 20 tipos de alimentos diferentes ou começa a rejeitar alimentos que antes aceitava, isso pode indicar um problema.
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  • Dependência de suplementos nutricionais: Se uma criança depende muito de fórmulas ou suplementos nutricionais para satisfazer suas necessidades diárias, isso pode ser um sinal de dificuldades de alimentação.
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  • Problemas de mastigação e deglutição: A criança pode guardar comida na boca, mastigar de forma inadequada ou ter dificuldade em mover alimentos pela boca.
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  • Desidratação ou problemas relacionados: Se uma criança não receber líquidos suficientes devido a aversões, isso pode resultar em sinais de desidratação.
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  • Hipersensibilidade oral: Reações exageradas a temperaturas ou sabores, como ser extremamente sensível a alimentos frios ou picantes.
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  • Dificuldade em aceitar alimentos de diferentes temperaturas ou sabores: A criança pode aceitar apenas alimentos frios ou quentes, ou pode rejeitar completamente alimentos com determinados sabores.
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  • Desinteresse geral na alimentação: A criança pode parecer desinteressada ou distraída durante as refeições, mesmo quando não estiver satisfeita.
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  • Frequentes infecções do trato respiratório:
    Isso pode ser um sinal de aspiração de alimentos, especialmente se a criança tiver problemas de deglutição.

Quais os diferentes tipos de intervenções usadas por terapeutas ocupacionais no tratamento de dificuldades de alimentação?

  • Intervenções Sensoriais: Algumas crianças têm dificuldade em processar informações sensoriais, o que pode afetar a forma como percebem e respondem aos diferentes tipos de alimentos. Neste caso, o terapeuta pode trabalhar para optimizar a sensibilidade da criança a diferentes texturas, temperaturas e sabores de alimentos.
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  • Desenvolvimento de Habilidades Motoras Orais: Terapeutas trabalham para fortalecer os músculos orais e melhorar a coordenação necessária para atividades como chupar, mastigar e engolir.
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  • Estratégias de Posicionamento: Garantir que a criança esteja numa posição correta e confortável durante as refeições pode fazer uma grande diferença. O terapeuta pode recomendar cadeiras ou almofadas específicas ou modificar a forma como a criança é posicionada durante as refeições.
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  • Modificação da Dieta: Dependendo das necessidades da criança, pode ser útil modificar a consistência dos alimentos ou introduzir novos alimentos de forma gradual.
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  • Coaching para Pais e Cuidadores: O envolvimento da família é crucial. Terapeutas frequentemente fornecem estratégias e dicas aos pais e cuidadores para que possam dar continuidade às técnicas aprendidas em casa.
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  • Terapia baseada no Brincar: A regra “Não se brinca com a comida” costuma ser ignorada na Terapia Ocupacional. Usar o brincar como ferramenta pode tornar a hora da refeição mais divertida e menos stressante. Por exemplo, brincar com alimentos, fazer “festas de degustação” ou usar utensílios de alimentação temáticos podem ser autênticas alavancas para uma maior diversidade alimentar.
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  • Colaboração Interdisciplinar: Terapeutas ocupacionais frequentemente trabalham em conjunto com outros profissionais, como terapeutas da fala/fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos, para garantir uma abordagem holística.

Como são escolhidas as intervenções?

  • A escolha das intervenções por terapeutas ocupacionais no contexto de dificuldades de alimentação é um processo multifacetado e individualizado. Este processo baseia-se numa combinação de factores como avaliação clínica e ambiental, compreensão das necessidades e preferências da criança e da família, e as melhores evidências disponíveis. Eis como as intervenções são geralmente escolhidas:
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  • Avaliação Abrangente: Antes de qualquer intervenção, uma avaliação abrangente é realizada. Esta avaliação pode incluir observações das refeições, testes de habilidades motoras orais, avaliações sensoriais, e questionários ou entrevistas com pais e cuidadores. O objetivo é compreender a natureza e a extensão das dificuldades de alimentação.
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  • Identificação das Necessidades da Criança: A partir da avaliação, os terapeutas identificam áreas específicas de necessidade, seja no desenvolvimento motor oral, sensibilidades sensoriais, comportamentos associados à alimentação, barreiras ambientais ou outros.
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  • Colaboração com a Família: A perspectiva e as preocupações dos pais e cuidadores são cruciais. Eles podem fornecer insights sobre as preferências alimentares da criança, rotinas domésticas, e quaisquer desafios específicos enfrentados em casa, bem como ter um papel inestimável na definição de objetivos e desenho de intervenção. 
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  • Revisão da Literatura e das Melhores Práticas: Terapeutas ocupacionais mantêm-se atualizados sobre as pesquisas e as melhores práticas n sua área. Isso permite-lhes escolher intervenções baseadas em evidências que se mostraram eficazes para problemas específicos de alimentação.
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  • Considerações Contextuais: O ambiente em que a criança come (por exemplo, casa, escola, creche) e a disponibilidade de recursos também são considerados. Uma intervenção que funciona bem num ambiente clínico pode precisar de adaptações para ser eficaz em casa ou na escola.
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  • Abordagem Interdisciplinar: Em muitos casos, a criança pode estar envolvida com outros profissionais, como terapeutas da fala/fonoaudiólogos, nutricionistas ou psicólogos. A colaboração entre esses profissionais pode informar a escolha da intervenção, garantindo que todas as necessidades da criança sejam atendidas.
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  • Reavaliação e Ajuste: Uma vez que uma intervenção é implementada, é essencial reavaliar regularmente seu impacto. Com base nos feedbacks da criança, da família e nas observações clínicas, a abordagem pode ser ajustada conforme necessário.
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Qual é o papel da escola ou da creche?

  • Atendendo que a maioria das crianças almoça nas escolas, escolas e creches podem fazer toda a diferença no desenvolvimento da intervenção. Escolas podem colaborar seguindo recomendações de terapeutas, proporcionando um ambiente adequado para a alimentação e comunicando progressos e desafios aos pais.
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  • Seguir Recomendações dos Terapeutas: Terapeutas ocupacionais ou fonoaudiólogos que trabalham com crianças com dificuldades de alimentação muitas vezes fornecem recomendações específicas para cada criança. Isso pode incluir modificações na textura dos alimentos, técnicas específicas de alimentação ou sugestões de utensílios que facilitam a alimentação. É fundamental que as escolas e creches sigam essas recomendações de perto para garantir a continuidade do tratamento
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  • Proporcionar um Ambiente Adequado para a Alimentação: Um ambiente calmo, positivo e sem distrações pode ser crucial para crianças com dificuldades de alimentação. Reduzir estímulos visuais ou auditivos, garantir uma rotina alimentar consistente e criar uma atmosfera de apoio durante as refeições podem ajudar a criança a sentir-se mais confortável e receptiva à alimentação.
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  • Comunicar Progressos e Desafios aos Pais e Terapeutas: A comunicação regular com pais e terapeutas é vital. As escolas e creches devem informar aos pais sobre qualquer progresso notável, desafios enfrentados ou alterações no comportamento alimentar da criança. Isso ajuda a garantir que todas as partes envolvidas estejam informadas e possam adaptar as estratégias conforme necessário.
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  • Educação e Formação do Pessoal: É benéfico que o pessoal das escolas e creches receba formação sobre as dificuldades de alimentação. Isso pode ajudá-los a entender melhor os desafios enfrentados por algumas crianças e equipá-los com estratégias e técnicas para apoiar essas crianças de forma eficaz.
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  • Adaptação de Refeições e Lanches: Dependendo das necessidades da criança, as escolas e creches podem precisar adaptar o tipo de comida oferecida, seja em termos de textura, ingredientes ou método de preparação.
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  • Inclusão e Sensibilização: Para evitar a estigmatização ou o isolamento de crianças com dificuldades de alimentação, é importante educar os colegas e promover um ambiente inclusivo. Atividades ou sessões educacionais podem ser organizadas para ajudar outras crianças a entender e serem empáticas em relação aos seus colegas com desafios alimentares.
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  • Coordenação com Outros Profissionais: Em alguns casos, pode ser benéfico que as escolas ou creches trabalhem em estreita colaboração com nutricionistas, psicólogos ou outros profissionais para abordar completamente as necessidades da criança.

Conclusão

  • A alimentação desempenha um papel crucial na vida de uma criança, indo além da simples necessidade nutricional. É uma atividade que incorpora a cultura, os valores familiares e as interações sociais. Para crianças com dificuldades de alimentação, cada refeição pode tornar-se um desafio repleto de stress e ansiedade.
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  • A identificação precoce desses desafios é essencial. Como terapeutas ocupacionais, entendemos a profundidade e a complexidade dessas questões e a importância de uma intervenção oportuna. A colaboração multidisciplinar – envolvendo pais, professores, cuidadores e outros profissionais de saúde – pode fazer uma diferença significativa no trajeto alimentar de uma criança.
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  • Se és pai, mãe, educador ou até mesmo um colega terapeuta e observas sinais de dificuldades alimentares numa criança, não subestimes a situação.
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  • A terapia ocupacional oferece uma abordagem holística, focada nas necessidades individuais de cada criança, promovendo não só a saúde física, mas também o bem-estar emocional e social.
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  • E, se és terapeuta ocupacional e estás a ler isto, sabes bem da nossa missão. Compartilha esta informação, sensibiliza a comunidade e reforça a importância da nossa profissão no universo da alimentação infantil. Juntos, podemos guiar as crianças e suas famílias por um caminho de experiências alimentares saudáveis e positivas.

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