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AVDs - 11 de Dezembro, 2024

#109 Ensinar AVDs a crianças com necessidades especiais

  • As competências necessárias para viver no dia a dia, como cuidar da higiene pessoal, vestir-se ou comer, são essenciais para qualquer pessoa. Estas capacidades são fundamentais para uma vida autónoma ou semi-independente. Além das competências básicas, há muitas outras atividades de vida diária (AVDs) que usamos tanto em casa como na comunidade.
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  • A maioria das crianças aprende estas competências desde cedo, através de instruções, por imitação ou por tentativa e erro. Por exemplo, uma criança pode aprender a tomar banho sozinha ao recordar-se das ações dos pais, ao imitá-los ou ao perceber, por si própria, que a água muito quente pode ser desconfortável ou perigosa.
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  • Porquê Ensinar de Forma Diferente a Crianças com Necessidades Especiais?

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  • Crianças com necessidades especiais, como autismo, dificuldades de aprendizagem ou perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA), desenvolvem-se e aprendem de forma diferente. Por isso, necessitam de estratégias de ensino adaptadas às suas características. Eis algumas razões:
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  • – Imitação tardia ou inexistente: Podem desenvolver esta capacidade muito mais tarde ou não a desenvolver de todo.
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  • – Dificuldades de compreensão e expressão verbal: Estas competências podem surgir mais tarde ou, em alguns casos, não se desenvolverem plenamente.
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  • – Falta de motivação para a autonomia: Algumas crianças podem não demonstrar interesse em “fazer por si mesmas” ou em impressionar com as suas capacidades.
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  • – Dificuldade em seguir instruções: Instruções verbais com vários passos podem ser particularmente desafiantes.
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  • – Falta de noção do esperado ou comportamento ajustado:
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  • – Não compreendem intuitivamente as normas sociais ou comportamentais.
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  • – Problemas de concentração e frustração: Podem ter dificuldades em manter o foco ou ficar facilmente frustradas.
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  • – Desafios sensoriais e cognitivos: Podem limitar a capacidade de realizar tarefas com sucesso.
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  • Se a criança apresenta uma ou todas estas características, pode não compreender as atividades diárias, nem executa-las como a generalidade dos seus colegas. No entanto, isso não significa que não possam aprender a maioria ou mesmo todas essas capacidades com uma abordagem de ensino adequada às necessidades da criança.

Como Ensinar AVDs a Crianças com Necessidades Especiais

  • Ao longo do tempo, na área da Terapia Ocupacional mas também fora dela, foram-se desenvolvendo um conjunto de técnicas que, tanto juntas como separadas, podem ser muito eficazes no ensino de AVDs a crianças com necessidades especiais. E a boa notícia é que estas técnicas podem ser igualmente eficazes a ensinar qualquer capacidade a qualquer pessoa – quer tenha ou não necessidades ou desafios especiais.
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  • Passos para o ensino de AVDs

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  • Passo 1: Análise de Tarefa

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  • A análise de tarefa decompõe uma atividade em passos simples e sequenciais. Por exemplo, lavar os dentes pode ser dividido em:
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  • 1. Encontrar a escova de dentes, pasta de dentes e copo;
  • 2. Colocar pasta na escova;
  • 3. Escovar os dentes inferiores;
  • 4. Bochechar;
  • 5. Escovar os dentes superiores;
  • 6. Bochechar novamente;
  • 7. Lavar a escova e guardar os materiais no lugar.
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  • Ao dividir as tarefas, torna-se mais fácil identificar os passos que a criança já consegue realizar e aqueles que precisam de ser ensinados.
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  • Passo 2: Criar um Guia Visual

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  • Guias visuais, como fotografias ou ilustrações de cada etapa de uma tarefa, são ferramentas valiosas para crianças que beneficiam de estímulos visuais. Estes guias ajudam-nas a compreender e memorizar os passos de forma clara e intuitiva.
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  • Passo 3: Dar Pistas e Retirá-las Gradualmente

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  • No início, a criança pode precisar de muita ajuda. As pistas podem incluir ajuda física (como guiar a mão da criança) ou instruções verbais detalhadas. À medida que a criança aprende, as ajudas são retiradas progressivamente até que consiga executar a tarefa de forma independente.

Ferramentas Adicionais de Ensino

  • Além dos passos acima, outras ferramentas podem ser úteis, especialmente em tarefas mais complexas ou que envolvem interações sociais:
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  • Sequenciação de Tarefas e Encadeamento Reverso

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  • Ensinar uma tarefa começando pelo último passo. Por exemplo, ao ensinar a fazer a cama, o adulto realiza os passos iniciais e deixa que a criança coloque a almofada no lugar. À medida que a criança se sente confiante, introduzem-se passos anteriores, até que consiga completar a tarefa inteira.
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  • Exemplo de uma sequenciação de tarefa:
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  • – Fazer a cama:
  • Para ensinar uma criança a fazer a cama, podemos desmontar a atividades em vários passos:
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  • 1. Retirar a almofada
  • 2. Puxar o lençol
  • 3. Dobrar a parte superior do lençol
  • 4. Puxar o cobertor/edredão
  • 5. Colocar a almofada de novo no sítio
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  • Para começar, o adulto faz os passos 1 a 4, permitindo à criança colocar a almofada no sítio, no final. Quando a criança consegue fazer isso, o adulto faz apenas os passos 1 a 3, e a criança terá que puxar o cobertor/edredão e colocar a almofada no sítio. Quando a criança se sente confortável em fazer um novo passo sozinha, o passo anterior é-lhe introduzido, sempre com o objetivo de ter a criança a finalizar a tarefa de forma independente.
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  • Histórias Sociais

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  • As histórias sociais são um passo mais à frente em relação ao guia visual acima descrito. Em vez de listar simplesmente os passos, usam-se imagens para descrever o “comportamento desejado.” A maioria das histórias são personalizadas a cada indivíduo. Por exemplo: “Todas as manhãs depois de almoço, o João escova os dentes. Primeiro, o João bate à porta da casa de banho. Se ninguém estiver lá dentro, o João pode entrar” e por aí adiante. Os pais podem contar uma história com o João as vezes que forem necessárias até ele ter memorizado e conseguir executar todos os passos, sem ser preciso pedir.
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  • Ensino por Vídeos

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  • Muitas crianças com necessidades especiais são bastante visuais, e muitas delas aprendem bem com vídeos que podem ser comprados, descarregados da Internet ou criados especificamente para cada criança particular. Os vídeos podem incluir atores a executar uma tarefa ou podem até mostrar a própria criança ao longo de todo o processo. Também pode ser útil fazer um vídeo da criança para que ele possa ver e identificar alguns dos erros que ele fez.
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  • Aplicações para Tablets

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  • As crianças mais velhas, ou crianças com problemas menos complexos, podem beneficiar de aplicações móveis que os guiam através de experiências ou atividades específicas. Também podem beneficiar de Apps básicas de organização diária, como calendários, para os ajudar a planear e organizar o seu tempo.
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  • Cada criança aprende ao seu ritmo, e é importante adaptar as estratégias às suas necessidades e capacidades individuais. Com estas ferramentas, é possível ajudar crianças com necessidades especiais a adquirir competências fundamentais para a sua independência, promovendo a sua confiança e participação na vida quotidiana.
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  • Retirado e adaptado de: https://www.verywellfamily.com/teach-self-care-skills-to-children-with-special-needs-4128821

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