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Processo TO - 23 de Abril, 2023

#204 |Artigo| Percepção Visual e Escrita Manual em Crianças com Perturbação do Desenvolvimento da Coordenação Motora

|Artigo| Percepção Visual e Escrita Manual em Crianças com Perturbação do Desenvolvimento da Coordenação Motora

Citação: Prunty, M., Barnett, A. L., Wilmut, K., & Plumb, M. S. (2016). Visual perceptual and handwriting skills in children with Developmental Coordination Disorder. Human Movement Science, 49, 54–65. https://doi.org/10.1016/j.humov.2016.06.003

Resumo

Este estudo teve como objetivo compreender as dificuldades encontradas na caligrafia de crianças com Perturbação do Desenvolvimento da Coordenação Motora (PDCM). Para isso os autores investigaram possíveis correlações entre medidas de percepção visual e integração visuo-motora com medidas do processo e produto da escrita manual.

É comumente observado que crianças com PDCM apresentam falta de automatismo na escrita, o que se evidencia através de pausas durante a realização da atividade. Dessa forma, é importante explorar mecanismos subjacentes a esse desafio, como os défices de percepção visual, que já foram apontados em pesquisas anteriores como possíveis fatores que contribuem para dificuldades de escrita manual.

O desempenho de 28 crianças com problemas de desenvolvimento (PDCM) entre 8-14 anos com 28 crianças com desenvolvimento típico (TD). As crianças fizeram dois testes, o Developmental Test of Visual Motor Integration (VMI) e o Test of Visual Perceptual Skills (TVPS), e os resultados foram comparados entre os grupos. Além disso, foi analisada a relação entre as habilidades de percepção visual e caligrafia.

Os resultados do estudo mostraram que as crianças com problemas de desenvolvimento (PDCM) tiveram um desempenho pior do que as crianças com desenvolvimento típico no teste de Developmental Test of Visual Motor Integration (VMI) e no Test of Visual Perceptual Skills (TVPS). Não houve relação significativa entre as habilidades de percepção visual e caligrafia no grupo PDCM. Além disso, os testes não foram muito sensíveis. Conclui-se que os terapeutas devem ter cuidado ao usar medidas de percepção visual para avaliar as capacidades de escrita manual em crianças com PDCM.

Destaques

  • As crianças com PDCM tiveram uma pontuação mais baixa nas medidas de percepção visual do que as crianças com DT.
  • Não foram encontradas correlações entre as medidas de percepção visual e o desempenho da escrita manual em nenhum dos grupos.
  • Os testes de percepção visual não conseguiram identificar 58-70% das crianças com dificuldades de caligrafia.

Implicações para a Prática em Terapia Ocupacional

Embora o grupo PDCM tenha tido má pontuação em medidas de percepção visual (PV), estas não foram preditivas do seu desempenho em termos de escrita manual. Os terapeutas deverão evitar estabelecer conclusões de causalidade com base apenas no diagnóstico. Ou seja, crianças com PDCM podem apresentar boas capacidades de PV e dificuldades de escrita manual, ou vice versa.

Este ponto salienta a importância de evitar o pressuposto de que as dificuldades com a percepção visual são a única causa de dificuldades de caligrafia em crianças com PDCM. Os terapeutas ocupacionais pediátricos devem reconhecer que a escrita manual é uma capacidade complexa ,que envolve múltiplos componentes, incluindo percepção visual, capacidades motoras, e capacidades cognitivas. Por conseguinte, é essencial avaliar e abordar todos estes componentes para desenvolver intervenções eficazes.

Os testes VMI e TVPS não conseguiram identificar 58-70% das crianças com dificuldades de escrita manual, pelo que a sua utilização como instrumentos de rastreio de dificuldades de escrita deve ser evitada.

Este ponto sugere que os terapeutas ocupacionais pediátricos devem ser cautelosos em confiar apenas no VMI e no TVPS para rastrear as dificuldades de caligrafia em crianças com PDCM. Embora estas medidas possam ser úteis na identificação de défices específicos de percepção visual e integração visuo-motora, não são indicadores fiáveis da capacidade global de escrita manual. Os terapeutas ocupacionais devem considerar medidas adicionais, tais como observação das tarefas de escrita para avaliar com precisão a capacidade de escrita de uma criança (para isso podes usar, por exemplo, as Tabelas de Observação da Escrita Manual para isso).

Os profissionais são encorajados a considerar a escrita manual como ‘linguagem escrita à mão’, reconhecendo o papel da cognição e da linguagem, para além dos componentes perceptivos e motores.

Este ponto sublinha a importância de considerar a caligrafia como uma capacidade baseada na linguagem que requer a integração de múltiplos processos cognitivos e linguísticos. Os terapeutas ocupacionais pediátricos devem considerar as capacidades linguísticas de uma criança, incluindo linguagem receptivas e expressiva, ao avaliarem o seu desempenho em termos de caligrafia. A integração destes componentes pode ajudar os TOs a desenvolver intervenções eficazes que respondam às necessidades específicas de uma criança. O trabalho em equipa com terapeutas da fala e psicólogos ou outros profissionais relevantes deve ser sempre considerado.

A avaliação de crianças com dificuldades de escrita deverá incluir uma tarefa de caligrafia dada a fraca sensibilidade do VMI e TVPS relatada neste estudo.

Este ponto reforça a ideia de que os TOs devem utilizar uma tarefa de caligrafia como parte da sua avaliação de crianças com dificuldades de escrita manual. Como mencionado anteriormente, o VMI e o TVPS não são indicadores fiáveis da capacidade global de caligrafia. Por conseguinte, os TOs devem utilizar uma tarefa de escrita, juntamente com outras medidas, para realizar uma avaliação abrangente da capacidade de escrita de uma criança. Esta avaliação pode então informar o desenvolvimento de um plano de intervenção direccionado que responda às necessidades específicas da criança.

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