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Processo TO - 5 de Agosto, 2022

#124 Tirar mais partido das tuas sessões em Teleterapia

COMO POTENCIALIZAR AS SESSÕES DE INTERVENÇÃO PRECOCE EM TELETERAPIA

  • Realizar sessões de teleterapia em intervenção precoce pode parecer um desafio no início, mas com prática e planeamento vais conseguir transformar esta abordagem numa ferramenta eficaz para apoiar o desenvolvimento das crianças e capacitar as famílias.
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  • Aqui encontras estratégias práticas para otimizar as tuas sessões, com foco no envolvimento das famílias, aconselhamento parental e ideias de atividades para os mais pequenos.
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  • Sentimentos Iniciais na Teleterapia

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  • Lembras-te dos primeiros meses a trabalhar como terapeuta ocupacional? Daquela mistura de entusiasmo e insegurança enquanto te esforçavas para aprender tudo o que podias para ajudar os teus clientes? Provavelmente estás a sentir algo semelhante agora que estás a começar no mundo da teleterapia, independentemente dos anos de experiência que tenhas.
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  • Há tanto para aprender nesta nova forma de intervenção, e só a exigência de dominar a tecnologia já é suficiente para, nalguns dias, te deixar de cabeça cheia. Mas lembra-te: já tens tudo o que precisas para ser bem-sucedido!
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  • Enquanto terapeutas ocupacionais, temos um talento natural para resolver problemas e criar laços com os outros. As famílias vão perceber o esforço genuíno que estás a fazer para os apoiar e para navegar nesta abordagem de intervenção, mesmo que ainda não esteja tudo perfeito. Mais importante, ninguém espera perfeição! Foca-te em seres criativo/a e em ajustar as tuas estratégias à medida das necessidades.

Aconselhamento Parental na Intervenção Precoce

  • De acordo com Rush & Shelden (2005), o aconselhamento é uma estratégia de aprendizagem que ajuda os cuidadores a refletir sobre as suas capacidades e ações, permitindo-lhes desenvolver um plano eficaz para lidar com as situações do dia-a-dia. Este modelo coloca o cuidador no papel principal, enquanto o terapeuta assume o papel de consultor.
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  • O objetivo é educar os cuidadores para que consigam ajudar os seus pequenos a crescer e aprender, mesmo quando o terapeuta não está presente.
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  • As 5 Fases do Aconselhamento em Teleterapia

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  • 1. Planeamento Conjunto: No início da sessão, revejam os progressos e planifiquem o que será trabalhado até à próxima interação.
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  • 2. Observação: Deixa claro que estás a observar para apoiar, e não para julgar. Permite que os cuidadores sigam a sua rotina com tranquilidade.
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  • 3. Ação/Prática: Transmite estratégias novas e encoraja os cuidadores a experimentá-las com os filhos, promovendo aprendizagens específicas.
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  • 4. Reflexão: Pergunta aos cuidadores o que correu bem, como se sentiram, como a criança respondeu e que ajustes poderiam ser feitos.
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  • 5. Feedback: Fornece dicas específicas para facilitar a implementação das estratégias e atingir os objetivos estabelecidos.
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  • Como Introduzir o Aconselhamento Parental

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  • – Educa sobre sub-competências: Explica que grandes objetivos, como “andar” ou “falar”, exigem o desenvolvimento de sub-capacidades. Divide os objetivos em etapas mais pequenas e tangíveis.
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  • – Revê as 5 áreas de desenvolvimento: Ajuda a família a trabalhar linguagem, auto-cuidados, motricidade, competências sócio-emocionais e cognitivas.
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  • – Demonstra como brincar: Mostra atividades criativas e simples que os pais podem replicar em casa, adaptadas às rotinas da família.
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  • – Pergunta sobre rotinas diárias: Descobre quais são as prioridades e ajuda a integrar o trabalho das sub-competências em momentos do dia-a-dia.
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  • – Deixa a família escolher: Permite que escolham as atividades que consideraram mais úteis ou divertidas para implementar até à próxima sessão. Quando os membros da família selecionam o que é importante para eles, a motivação para aplicar as estratégias aumenta significativamente.

ALGUMAS ATIVIDADES FAVORITAS EM TELETERAPIA

Músicas e Coreografias

  • Exemplos: “Panda Manda”, “Cabeça, Ombros, Joelhos e Pés”, músicas da Xana Toc Toc, ou vídeos populares como “Baby Shark”.
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  • Como Fazer:

  • Partilha o vídeo no ecrã: Usa o vídeo para envolver a criança na atividade, especialmente se ainda não te sentes confiante nas tuas capacidades de canto.
  • Incentiva a prática sem o ecrã: Partilha o vídeo com o cuidador e sugere que realizem a atividade sem o ecrã, enquanto observas a interação.
  • Foca no mais importante: Após a atividade, discute com o cuidador o que deve ser priorizado. Por exemplo, será mais importante o envolvimento e relação da criança com o cuidador ou a precisão na execução dos movimentos? Esta reflexão ajuda a ajustar as estratégias à realidade e necessidades da família.
  • Momentos de consultoria:

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  • – Ensina os cuidadores onde devem colocar as mãos para apoiar ou encorajar os movimentos da criança.
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  • – Mostra como simplificar ou dificultar os movimentos, de acordo com a adesão ou o nível de aprendizagem da criança.
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  • – Partilha estratégias para aumentar a atenção, como dar mais tempo para a criança realizar a tarefa ou colocar-se ao nível dos olhos dela.
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  • – Demonstra formas de encorajar o desenvolvimento da linguagem esperado durante as atividades, integrando palavras ou sons relacionados com os movimentos.

Livros e Histórias

  • Exemplos: Livros como “A Lagartixa Muito Comilona” ou histórias interativas disponíveis no YouTube.
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  • Como Fazer:

  • Coloque o vídeo a passar: Permita que a criança visualize o vídeo da história para captar o seu interesse inicial.
  • Combine com o livro físico: Oriente a criança e o cuidador para que acompanhem a história utilizando o livro físico, caso o tenham disponível.
  • Estimule a leitura sem ecrãs: Encoraje o cuidador a ler a história diretamente do livro, sem o apoio do ecrã, promovendo uma experiência mais pessoal e interativa.
  • Momentos de consultoria:

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  • – Ensina movimentos de coordenação bilateral que acompanhem as palavras do livro, como bater palmas ou saltar ao ouvir uma palavra específica.
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  • – Instrui o cuidador a destacar as palavras principais da história ou a descrever as imagens de forma simplificada, em vez de ler palavra por palavra, para crianças mais novas.
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  • – Ajuda o cuidador a fazer pedidos específicos que desenvolvam a próxima sub-competência da criança. Por exemplo:
  •     – “Aponta para a vaca.”
  •     – “O que é que a vaca faz?”
  •     – “Onde está o sol?”

Atividades Sensório-Motoras

  • Exemplos: 
  • – Rodar na cadeira de computador.
  • – Fazer um baloiço com um lençol (com supervisão de dois adultos).
  • – Enrolar a criança numa manta como um croquete.
  • – Jogos com cobertores ou atirar bolas ao cesto (da roupa).
  • – Caça ao tesouro: procure objetos com características específicas (ex.: algo vermelho, macio, duro, frio).
  • – Fazer “cavalinho” no colo de um adulto.
  • – Criar música com instrumentos improvisados, como uma panela velha e uma colher, incentivando a criança a copiar os movimentos do cuidador.
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  • Momentos de consultoria:

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  • – Ensina os cuidadores onde colocar as mãos para apoiar os movimentos da criança ou encorajá-la a iniciar o movimento.
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  • – Mostra como simplificar ou aumentar a complexidade dos movimentos, dependendo do nível de aprendizagem ou adesão da criança.
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  • – Orienta sobre estratégias para captar e manter a atenção, como dar tempo extra ou interagir ao nível dos olhos da criança.
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  • – Ajuda os cuidadores a associar os movimentos às necessidades sensoriais ou motoras específicas da criança.

Atividades Táteis

  • Exemplos:
  • – Trabalhar com massa de modelar ou brincar com chantilly, creme de barbear ou iogurte.
  • – Soprar e brincar com bolas de sabão.
  • – Explorar areia ou água para diferentes texturas e temperaturas.
  • – “Saco mistério”: colocar pequenos itens dentro de uma mala ou saco, pedir à criança que os retire sem olhar, que sinta o objeto e tente adivinhar o que é.
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  • Momentos de consultoria:

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  • – Encoraja os cuidadores a usar estas atividades para explorar diferentes texturas e promover a discriminação tátil.
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  • – Ensina como graduar as atividades de forma a envolver tanto crianças com hiper-reatividade tátil como aquelas com pouca resposta sensorial.
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  • – Sugere integrar palavras descritivas durante as atividades, como “suave”, “áspero”, “mole”, ou “duro”, para enriquecer o vocabulário da criança.

Atividades Auditivas

  • Exemplos:
  • – Adivinhar o som: use vídeos ou sons gerados por objetos domésticos. Um bom vídeo para isso aqui 
  • – Sons de animais: imite sons ou instrua os pais a fazê-lo, pedindo à criança que identifique o animal.
  • – Peça à criança ou ao cuidador para recriar sons específicos e associá-los ao nome ou imagem correspondente.
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  • Momentos de consultoria:

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  • – Ensina os cuidadores a usar sons para captar a atenção da criança e associar estímulos auditivos a conceitos visuais ou táteis.
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  • – Demonstra como ajustar o nível de dificuldade da atividade, por exemplo, começar com sons familiares e progredir para sons menos conhecidos.
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  • – Ajuda os cuidadores a identificar sinais de envolvimento ou desconforto auditivo, ajustando as atividades conforme necessário.

Atividades Visuais

  • Comece com movimentos de regulação: Inicie as sessões com atividades que preparem o corpo da criança, como movimentos rítmicos ou brincadeiras dinâmicas. Isto ajuda a quebrar o gelo, criar uma conexão entre o cuidador e a criança, e preparar uma sessão divertida.
  • Atividades favoritas: Pergunte aos cuidadores quais são os movimentos ou jogos preferidos da criança e use-os como ponto de partida.
  • Integre som e visão: Combine atividades auditivas e visuais, como associar um som ao animal correspondente ou identificar cores e formas enquanto executa uma ação.
  • Momentos de consultoria:

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  • – Educação sensorial: Use estas atividades para explicar a importância do sistema sensorial no desenvolvimento da atenção e aprendizagem.
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  • – Monitorize a atividade sensorial: Incentive os cuidadores a observar o nível de atividade da criança antes, durante e após a tarefa. Isto ajuda-os a diferenciar atividades calmantes das que aumentam os níveis de alerta.
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  • – Empoderar as famílias: Ensine os cuidadores a utilizar movimentos em casa, fora da sessão, para ajustar o nível de alerta da criança, promovendo a autorregulação.
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  • – Trabalhe competências motoras globais: Sugira tarefas como colocar objetos em lugares altos para encorajar a criança a levantar-se, ficar em bicos de pés, subir ou agachar, promovendo o desenvolvimento motor associado à atividade visual.

Jogos com os dedos

  • Exemplos:
  • Músicas como “10 Little Fingers” ou “Cinco Patinhos – Pintainho Amarelo,” que incentivam o uso dos dedos para representar números ou ações.
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  • Como Fazer:

  • Utilize vídeos do YouTube com músicas que envolvam gestos com os dedos para introduzir a atividade.
  • Mostre às famílias como realizar a atividade diretamente, modelando os gestos sem o uso do vídeo para estimular a interação.
  • Momentos de consultoria:

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  • – Encoraje a produção de novos sons e palavras durante a atividade.
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  • – Oriente o cuidador na posição correta das mãos da criança para facilitar os gestos e movimentos pretendidos.
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  • – Use a atividade para introduzir vocabulário relacionado com os movimentos e ações.

Motricidade Fina

  • Exemplos:
  • – Carimbar formas em papel com objetos domésticos, promovendo a associação de formas iguais.
  • – Fazer puzzles simples com caixas de cereais, cortando-as em formatos de peças de puzzle.
  • – Atividades com garrafas de spray para fortalecer os músculos das mãos.
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  • Momentos de consultoria:

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  • – Ajude os cuidadores a expandir o vocabulário da criança, sugerindo como formular perguntas sobre as formas e as atividades.
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  • – Ensine como graduar os níveis de imitação motora, começando com tarefas simples e avançando para mais complexas.
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  • – Oriente sobre como facilitar uma preensão motora mais eficiente, ajustando o tamanho e a forma dos objetos usados.

Jogos Faz-de-Conta

  • Exemplos:
  • – Brincar com bonecas.
  • – Organizar uma festa dos animais mascarados.
  • – Fazer um piquenique ou hora do chá com brinquedos de cozinha.
  • – Brincar aos médicos, veterinários ou doutores.
  • – Simular uma lavagem de carros ou comboios com brinquedos.
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  • Momentos de consultoria:

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  • – Ajude a gerir as trocas de turnos durante a brincadeira interativa entre o cuidador e a criança (ou com um irmão).
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  • – Instrua sobre como utilizar pistas visuais ou verbais para ajudar a criança a seguir instruções. Determine se será necessário dividir a tarefa em passos simples.
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  • – Suporte a componente sócio-emocional, orientando os cuidadores a interpretar e responder às emoções da criança (ex.: “O bebé está triste, dá-lhe um abraço.”).
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  • – Explore conceitos como cores correspondentes, igualdade/diferença e opostos, integrando-os nas atividades de faz-de-conta para enriquecer a experiência educativa.
  • Já tens aqui muitas ideias para brilhar na próxima telesessão de intervenção precoce. Espero que estas ideias úteis te aliviem um pouco o stress e te ajudem a ajudar.
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  • Traduzido e adaptado de:  https://growinglittlebrains.com/blog/50-ways-to-rock-your-early-intervention-teletherapy-sessions  

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