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AVDs - 30 de Outubro, 2022

#167 Tecnologias de apoio para crianças com paralisia cerebral

  • Tecnologias de apoio é o termo genérico usado para designar qualquer produto ou parte de um equipamento que pode ser utilizado de modo a auxiliar uma pessoa a desempenhar melhor algum tipo de atividade ou aumentar a sua funcionalidade. Um produto de apoio corresponde a um instrumento ou equipamento, que foi alterado de um modo específico, para facilitar a sua utilização por parte da pessoa que o usa.
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  • Existem diferentes tipos de tecnologias de apoio, destinadas a crianças com paralisia cerebral. Estas têm como objetivo auxiliá-las na participação, em cada vez mais atividades, melhorar a sua aprendizagem, comunicação, audição, mobilidade e tornar a sua vida mais fácil. As tecnologias de apoio são cruciais na transição da criança para uma vida adulta independente.
  • Como é que as crianças com paralisia cerebral podem beneficiar?
  • A paralisia cerebral causa diferentes tipos de défices, desde problemas relacionados com a marcha até dificuldades na audição, na comunicação ou até na preensão de um lápis. A severidade desses défices varia no grau de gravidade que pode ir de ligeiro a grave, prejudicando a qualidade de vida, a independência e todos os aspetos da saúde, desde físicos, a emocionais e sociais. O uso de dispositivos de apoio pode proporcionar à criança um grande número de benefícios, incluindo:
  • -Melhor desempenho académico;
  • -Maior inclusão em atividades e lazer;
  • -Maior envolvimento social;
  • -A melhoria da sua comunicação com os outros e, por inerência, uma resposta mais adequada às suas necessidades;
  • -A melhoria na capacidade em expressar emoções;
  • -Aumento da autoconfiança;
  • -Maior independência e autossuficiência;
  • -Mais oportunidades.
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  • Mobilidade
  • Os sinais e complicações da paralisia cerebral podem variar grandemente de indivíduo para indivíduo, no entanto, grande parte das crianças apresentam algum grau de limitação na sua mobilidade. Muitas crianças não andam, ao passo que outras andam com ajuda ou com algum ou nenhum suporte. As ajudas podem ser de baixa tecnologia, tais como os andarilhos ou cadeiras de rodas não elétricas.
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  • Também existem ajudas de alta tecnologia como as cadeiras de rodas elétricas. Estas ajudam as crianças com dificuldades no uso das mãos e braços a deslocarem-se com apenas um toque num botão ou num joystick. Os elevadores podem ser utilizados para auxiliar a criança a movimentar-se entre andares em casa, para entrar/ sair de veículos e para se sentarem ou manterem-se em pé. As motas elétricas adaptadas (power scooters) são também outra opção para a mobilidade.
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  • Uma outra forma de tecnologia promissora para auxiliar as crianças com problemas motores a aumentar a sua mobilidade é a estimulação elétrica funcional. Um pequeno dispositivo é usado para levar impulsos de corrente elétrica para estimular grupos musculares específicos. Funciona através da ativação de nervos que, por seu turno, levam a que os músculos se movam, treinando-os para funcionarem melhor com o passar do tempo. Estudos relacionados com este dispositivo demonstraram que crianças com paralisia cerebral espástica podem beneficiar desta tecnologia auxiliando-os a andar mais facilmente e com menos dor. Este dispositivo não funciona com todas as crianças, mas muitas que apresentam dificuldades em locomover-se podem beneficiar dele.
  • Comunicação
  • Muitas crianças com paralisia cerebral apresentam problemas na comunicação. Uma criança pode ter afetado os músculos laríngeos e da cavidade oral, o que lhe cria dificuldades para dizer palavras. Tal, traduz-se numa dificuldade para expressar as suas emoções e necessidades, para aprender na escola e para socializar com os outros.
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  • Estas crianças podem trabalhar com os terapeutas de modo a melhorarem as suas competências comunicativas, sendo comum estes profissionais fazerem uso das seguintes tecnologias de apoio:
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  • Quadros de comunicação eletrónicos
  • Estes dispositivos assemelham-se a tablets ou podem encontrar-se em tablets através do uso de aplicações ou de programas apropriados. Um quadro de comunicação permite à criança escolher letras, palavras, números e fotografias. A criança pode selecionar o que pretende para comunicar com os outros. Dependendo das competências da criança, esta poderá necessitar de instruções por parte do terapeuta da fala para usar os quadros de comunicação de forma eficaz.
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  • Quadros de comunicação de baixa tecnologia
  • A versão de baixa tecnologia passa pelo uso do lápis e papel para se expressarem. Este meio só é útil para crianças capazes de segurar um objeto de escrita e usá-lo para escrever palavras ou desenhar. Também existem quadros que contém fotografias de objetos para os quais a criança pode apontar, como um copo de água ou uma casa-de-banho. Dessa forma, uma criança muito nova ou incapaz de lidar com a complexidade de um tablet pode indicar quais suas necessidades.
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  • Sintetizadores de fala
  • São uma forma mais avançada de um quadro de comunicação eletrónico que funciona gerando a fala. A criança escreve palavras ou frases e o dispositivo sintetiza o texto em fala de modo a que os outros a compreendam perfeitamente.
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  • Dispositivos de rastreamento ocular
  • Este tipo de dispositivos é utilizado com crianças que não consegue mover os seus braços, mãos ou dedos para tocar nas imagens dos quadros de comunicação. O benefício deste tipo de equipamento é permitir que a criança, com o olhar, comunique. Ao olhar para uma palavra ou imagem, no quadro de comunicação, esta é selecionada sem necessidade de tocar-se no tablet.
  • Dispositivos para digitar e escrever
  • Muitas crianças com paralisia cerebral apresentam dificuldades na motricidade fina necessária para pegar numa caneta, lápis ou para carregar numa tecla. A comunicação escrita é importante para a criança, que fala com dificuldade ou que não fala, e também é necessária para o trabalho académico. Existem diversos dispositivos que permitem à criança escrever.
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  • Dispositivos simples, de baixa tecnologia, como os adaptadores/peças da tríade ou lápis adaptados (ex. ergonómicos ou engrossados), constituem-se tecnologias adaptativas que permitem à criança segurar e manipular um instrumento de escrita. Uma caneta ou lápis mais pesados pode facilitar a criança a utilizar e gerir mais facilmente a ferramenta enquanto esta aprende a escrever. Um dispositivo de estabilização pode ser ligado a uma caneta ou a um lápis para ajudar uma criança que apresente movimentos instáveis. Ter uma mesa com uma superfície que possa ser ajustada em altura e ângulo também pode ajudar a criança a obter o alinhamento correto e uma posição mais confortável para escrever.
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  • Uma criança que tenha dificuldades em utilizar os apoios tradicionais para a escrita pode beneficiar da digitação, no entanto, muitas crianças apresentam dificuldade em utilizar teclados. O apontador ligado por velcro à mão ou pulso é uma tecnologia de apoio simples que permite à criança premir botões pequenos nos teclados, tablets ou telefones. Outra tecnologia que pode ajudar a criança a comunicar de forma mais eficaz é um programa de predição de palavras e o corretor ortográfico.
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  • Audição
  • A perda auditiva é um dos problemas com que muitas crianças com paralisia cerebral se debatem, no entanto, a tecnologia tem fornecido equipamentos que lhes permitem melhorar a acuidade auditiva.
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  • Os aparelhos auditivos podem facilitar a audição a todos aqueles que, não sendo surdos, apresentam algum grau de perda auditiva. Crianças com perda auditiva severa podem, por seu turno, beneficiar de implantes cocleares.
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  • Os implantes cocleares são constituídos por um dispositivo pequeno que é inserido atrás da pele, dentro do ouvido, e outro, que é colocado atrás do pavilhão auricular. O implante coclear funciona através da estimulação do nervo auditivo, contornando as partes que impedem a audição. A implantação deste dispositivo requer uma cirurgia podendo levar várias semanas até que esteja pronto para ser usado e para que a criança possa ouvir.
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  • O implante coclear não é uma solução recomendada para todas as crianças com dificuldades auditivas. É dispendioso, requer cirurgia e apresenta riscos para saúde, embora estes sejam raros. Ainda assim, é particularmente recomendado para as crianças com necessidades especiais e complicações secundárias à paralisia cerebral.
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  • Melhorar a audição destas crianças pode constituir-se num benefício significativo. Outros dispositivos que podem ajudar as crianças com deficiência auditiva são os sistemas de audição assistida/ amplificadores auditivos. São dispositivos que capturam som, amplificamno e fazem-nos chegar ao ouvido. Um bom aparelho auditivo pode ajudar uma criança a ouvir o professor a falar na sala de aula, mesmo com muito ruído de fundo.
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  • Atividades de vida diária
  • Para além das tecnologias de apoio que auxiliam as crianças a ouvir ou a comunicar, existem outras que ajudam nas atividades da vida diária. São dispositivos que permitem tornar a vida mais simples, tornar uma criança mais autossuficiente e independente. Alguns destes produtos de apoio são:
  • – Assentos sanitários especializados, barras de segurança e bancos de banho colocados nas casas de banho;
  • – Esponjas e escovas com cabos alongados;
  • – Utensílios para comer com alças ou com pesos;
  • – Pratos e tigelas com fundo antiderrapante;
  • – Tapetes antiderrapantes;
  • – Ajudas para vestir;
  • – Mesas que podem ser movidas para cima e para baixo;
  • – Tesouras adaptáveis e materiais de arte;
  • – Chaves giratórias;
  • – Ajudas ao posicionamento na cama ou em sofás e cadeiras.
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  • A criança com paralisia cerebral pode beneficiar muito do uso de tecnologias e produtos de apoio. Os pais podem defender as necessidades dos seus filhos, trabalhando em conjunto com profissionais de saúde e educação. Com uma avaliação, a criança poderá obter um programa de educação individualizado por intermédio da educação especial. Tal pode incluir tecnologias de apoio, que a escola ou estado podem providenciar. Os pais e os adultos com paralisia cerebral podem contatar com as organizações governamentais, grupos associativos e a comunidade, para os auxiliar no pagamento destes dispositivos tão necessários.

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