- A alimentação infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento físico, mental e emocional das crianças, e é durante os primeiros anos de vida que os hábitos alimentares são formados, influenciando não apenas a saúde atual, mas também os padrões alimentares futuros.
- Os terapeutas ocupacionais pediátricos desempenham um papel crucial ao ajudar crianças com dificuldades alimentares. A compreensão dos diferentes estilos alimentares pode fornecer uma base sólida para intervenções eficazes.
- O Questionário de Comportamento Alimentar Infantil (Child Eating Behaviour Questionnaire [CEBQ], no original em inglês; Autores: Wardle, J., Guthrie, C. A., Sanderson, S., & Rapoport, L.) avalia comportamentos das crianças relacionados com a comida. É uma medida que pretende ser preenchida pelos pais, e contem 35 itens, onde cada um é depois pontuado de 1 (nunca) a 5 (sempre), salvo alguns itens que são revertidos na pontuação.
- Os itens estão organizados em 8 subescalas:
1) Resposta à Comida (Food Responsiveness)
- Esta secção avalia o grau em que a criança responde a estímulos alimentares externos, como a presença ou o cheiro da comida. Crianças com alta responsividade à comida tendem a sentir fome com mais frequência e a comer sempre com mais frequência e a comer sempre que têm oportunidade. Este comportamento pode levar a um consumo excessivo se não for controlado, mas também pode ser aproveitado para introduzir novos alimentos nutritivos.
2) Sobre-Alimentação Emocional (Emotional Over-Eating)
- A sobre-alimentação emocional refere-se à tendência de algumas crianças de comerem mais em resposta a emoções negativas ou positivas, como stress, ansiedade ou felicidade. Este comportamento pode ser um mecanismo de coping, mas pode levar a hábitos alimentares pouco saudáveis e a um risco aumentado de obesidade.
3) Prazer pela Comida (Enjoyment of Food)
- Esta secção mede o quanto a criança aprecia a comida e tem prazer nas refeições. Crianças que desfrutam da comida geralmente mostram interesse em experimentar novos alimentos e têm uma atitude positiva em relação à alimentação. Este comportamento é benéfico para o desenvolvimento de uma dieta variada e equilibrada.
4) Vontade de Beber (Desire to Drink)
- Crianças com um desejo constante de beber, especialmente bebidas açucaradas, são avaliadas nesta secção. Este comportamento pode contribuir para um consumo excessivo de calorias e açúcar, levando a problemas como obesidade e cáries dentárias. É importante gerir este desejo promovendo alternativas saudáveis.
5. Resposta à Saciedade (Satiety Responsiveness)
- A resposta à saciedade avalia a capacidade da criança de perceber quando está cheia e parar de comer. Crianças com alta responsividade à saciedade tendem a regular melhor a sua ingestão alimentar, o que pode protegê-lo contra o consumo excessivo e a obesidade. No entanto, pode ser um desafio se a criança senti-se saciada muito rapidamente e não consumir calorias suficientes.
6. Lentidão a Comer (Slowness in Eating)
- Esta secção mede o tempo que a criança leva para terminar uma refeição. Crianças que comem lentamente podem estar a regular melhor a ingestão de alimentos e a saborear mais a comida, mas podem também causar frustração em contextos onde o tempo é limitado. Este comportamento pode estar associado a uma melhor regulação da saciedade.
7. Sub-Alimentação Emocional (Emotional Under-Eating)
- A sub-alimentação refere-se à diminuição do consumo alimentar em resposta a emoções, como tristeza ou ansiedade. Este comportamento pode levar a uma ingestão insuficiente de nutrientes essenciais. Estratégias de intervenção podem incluir o desenvolvimento de competências de cioping para lidar com emoções sem que isso afete negativamente a alimentação.
8. Discussão sobre a Comida (Food Fussiness)
- Este instrumento foi utilizado para uso na identificação de percursores de desordens de alimentação e obesidade. Contudo, o seu uso na pratica da TO pode ser um excelente complemento na perceção dos comportamentos face à comida e facilitar na compreensão de barreiras a participação na alimentação.
- Em baixo poderás encontrar o instrumento original, o artigo que explica o desenvolvimento e a pontuação do teste e também uma tradução não-oficial em português.
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