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AVDs - 14 de Março, 2024

#30 Ensinar AVDs a crianças com necessidades especiais

  • No mundo das AVDs há quem distinga as capacidades mais básicas como as Atividades de vida Diária (AVDs) e capacidades mais complexas (e.g.) lavar a roupa, apanhar um autocarro ou seguir uma rotina diária) como Competências para a Vida. Apesar destas competências não serem vitais para a sobrevivência, são extremamente importantes para todas as pessoas que pretendam ter um trabalho e viver em comunidade.
  • Todas as pessoas precisam de ter certas competências para viver no seu dia a dia. As competências relacionadas com higiene pessoal, comer e vestir-se são requisitos absolutamente fundamentais até para aqueles que pretendem ter uma vida semi-independente. Além destas competências básicas, existem muitas outras competências que usamos todos os dias para a nossa vida em casa ou na comunidade.
  • A maioria das pessoas aprende a a maioria das AVDs numa tenra idade. Aprendem quer seja através de uma combinação de instruções, por imitação ou por tentativa-erro. Por exemplo, uma criança pode aprender a tomar banho sozinha ao lembrar-se da forma como os pais lhe davam banho, ao imitar as ações dos pais ou descobrindo por ela própria que se a água estiver demasiado quente, será desconfortável e poderá queimar.

Que atenções devemos ter ao ensinar AVDs a crianças com diferenças do desenvolvimento?

  • As crianças com necessidades especiais, como o autismo, dificuldades de aprendizagem, ou PHDA (Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção) aprendem de maneira diferente do que a generalidade das crianças.
  • Por este motivo, as crianças com necessidades especiais:
  • – Podem desenvolver a capacidade de imitação muito mais tarde do que a generalidade das crianças, ou poderão até nunca vir a desenvolver esta capacidade.
  • – Podem desenvolver a capacidade de compreensão e de autoexpressão através da linguagem falada muito mais tarde do que a generalidade das crianças, ou poderão até nunca vir a desenvolver estas capacidades.
  • – Podem não desenvolver o desejo de ser “elas próprias” ou de impressionar alguém com as suas capacidades e talentos.
  • – Podem ter dificuldade em seguir instruções verbais, sobretudo quando a instrução inclui vários passos.
  • – Podem não ter a noção do que é “esperado” ou do que é um comportamento “normal”.
  • – Podem não ter a capacidade de se concentrar numa tarefa por longos períodos de tempo.
  • – Podem ficar frustradas facilmente.
  • – Podem ter dificuldades sensoriais e cognitivas que comprometem o seu sucesso.

 

  • Se uma criança possui uma ou todas estas características, pode não compreender as atividades diárias tal como a generalidade das crianças as executam. No entanto, isso não significa que não possa aprender a maioria ou mesmo todas as capacidades com uma abordagem de ensino correta e especializada.

Como é que as AVDs são ensinadas a crianças com necessidades especiais?

  • Alguns professores, terapeutas e pais desenvolveram um conjunto de técnicas que, tanto juntas ou separadas, podem ser muito eficazes no ensino de AVDs a crianças com necessidades especiais. E a boa notícia é que estas técnicas podem ser igualmente eficazes a ensinar qualquer competência a qualquer pessoa – quer tenha ou não necessidades ou desafios especiais.
  • PASSO 1: ANÁLISE DE TAREFA

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  • A análise da tarefa é um processo que decompõe qualquer tarefa nas suas partes componentes. Por exemplo, lavar os dentes inclui: encontrar uma escova de dentes, uma pasta de dentes e um copo, pôr a pasta de dentes na escova, escovar os dentes de baixo, bochechar, escovar os dentes de cima, bochechar outra vez, limpar a escova e voltar a guardar todos os objetos no sítio onde estavam.
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  • PASSO 2: CRIAR UM GUIA VISUAL

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  • Muitos pais criam guias visuais para ajudar as crianças com necessidades especiais a compreender, memorizar e familiarizarem-se com os passos todos de uma tarefa. O guia visual pode incluir fotos ou bonecos ilustrados de cada passo do processo.
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  • PASSO 3: DAR PISTAS E RETIRÁ-LAS GRADUALMENTE

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  • No início, uma criança com necessidades especiais poderá necessitar de imensa ajuda a memorizar e a executar corretamente cada passo de uma tarefa. Dar pistas pode envolver uma ajuda física, por exemplo: o pai coloca a mão por cima da mão do filho para exemplificar.
  • À medida que a criança aprende, o adulto começa a “retirar gradualmente” as ajudas físicas. Primeiro, deixa de usar a sua mão por cima da mão da criança e começa a usar apenas instruções verbais (como por exemplo: “não te esqueças de lavar a escova de dentes!”).
  • Depois, o adulto começa a retirar gradualmente as instruções verbais. Quando já não é necessário dar instruções, a criança aprendeu a tarefa!

 

FERRAMENTAS DE ENSINO ADICIONAIS

  • Há algumas ferramentas adicionais que podem ser úteis, dependendo do progresso de aprendizagem da criança. Estas ferramentas são especialmente úteis em competências mais avançadas que exigem que a criança interaja com pessoas ou quando implica lidar com expectativas da comunidade alargada.
  • Estas ferramentas são:
  • Sequenciação de tarefas

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  • Todas as tarefas envolvem uma série de passos que funcionam como elos de uma cadeia. Por exemplo, não se pode lavar os dentes enquanto não pusermos pasta na escova de dentes. Alguns pais pedem cada passo da cadeia e depois começam a retirar os elos à medida que a criança vai aprendendo. No final, a criança pode estar apta a executar a tarefa com uma simples lembrança. 
  • Exemplo de uma sequenciação de tarefa:
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  • Fazer a cama
  • Para ensinar uma criança a fazer a cama, podemos desmontar a atividades em vários passos:
  • 1. Retirar a almofada
  • 2. Puxar o lençol
  • 3. Dobrar a parte superior do lençol
  • 4. Puxar o cobertor/edredão
  • 5. Colocar a almofada de novo no sítio
  • Para começar, o adulto faz os passos 1 a 4, permitindo à criança colocar a almofada no sítio, no final. Quando a criança consegue fazer isso, o adulto faz apenas os passos 1 a 3, e a criança terá que puxar o cobertor/edredão e colocar a almofada no sítio. Quando a criança se sente confortável em fazer um novo passo sozinha, o passo anterior é-lhe introduzido, sempre com o objetivo de ter a criança a finalizar a tarefa de forma independente.
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  • Histórias sociais

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  • As histórias sociais são um passo mais à frente em relação ao guia visual acima descrito. Em vez de listar simplesmente os passos, os pais usam imagens e palavras para descrever o “comportamento desejado.” A maioria das histórias são personalizadas a cada criança. Por exemplo: “Todas as manhãs depois de almoço, o João escova os dentes. Primeiro, o João bate à porta da casa de banho. Se ninguém estiver lá dentro, o João pode entrar” e por aí adiante. Os pais podem contar a história ao João as vezes que forem necessárias até ele ter memorizado e conseguir executar todos os passos, sem ser preciso pedir.
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  • Ensinar através de vídeos

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  • Muitas crianças com necessidades especiais são bastante visuais, e muitas delas aprendem bem com vídeos que podem ser comprados, descarregados da Internet ou criados especificamente para cada criança particular. Os vídeos podem incluir atores a executar uma tarefa ou podem até mostrar a própria criança ao longo de todo o processo. Também pode ser útil fazer um vídeo da criança para que ele possa ver e identificar alguns dos erros que ele fez.
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  • Aplicações para smartphones e tablets

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  • As crianças mais velhas, ou crianças com diferenças menos complexas, podem beneficiar de aplicações móveis que os guiam através de experiências ou atividades específicas.
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  • Também podem beneficiar de apps básicas de organização diária, como calendários, para os ajudar a planear e organizar o seu tempo.

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