Processo TO - 6 de Março, 2025
#360 Modelo DIR/Floortime (Modelo de Desenvolvimento, Diferenças Individuais e Relações Interpessoais)
1
OTbrain
@otbrain
- O Modelo DIR/Floortime é uma abordagem clínica, educativa e terapêutica desenvolvida para promover o desenvolvimento emocional, social e cognitivo de crianças, especialmente aquelas com desafios no desenvolvimento, como a Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), atrasos no desenvolvimento ou dificuldades de processamento sensorial.
- Este modelo foi criado pelo psiquiatra infantil Dr. Stanley Greenspan e pela Dra. Serena Wieder, fundamentando-se em princípios que consideram as necessidades individuais da criança, as suas diferenças únicas de processamento e a importância das relações interpessoais no desenvolvimento.
- Este modelo tem tido um reconhecimento global pelo seu foco na compreensão das necessidades individuais das crianças e no estímulo à interação significativa com os seus cuidadores.
- O DIR/Floortime baseia-se na ideia de que o desenvolvimento infantil ocorre em etapas e é influenciado por fatores biológicos, emocionais e sociais. DIR significa “Developmental, Individual-differences, Relationship-based” (Desenvolvimento, Diferenças Individuais, Baseado em Relacionamento), e estes três pilares são fundamentais para entender como o modelo funciona:
D – Desenvolvimento (Developmental)
- Este modelo reconhece que cada criança é única e que o desenvolvimento ocorre em ritmos diferentes. Concentra-se em compreender as capacidades e os desafios específicos de cada criança no seu caminho de formação. Assim, o modelo centra-se nas capacidades de desenvolvimento emocional e funcional da criança, abordando etapas fundamentais do seu crescimento, conhecidas como marcos funcionais do desenvolvimento emocional (FEDCs). Estes marcos incluem:
- – Regulação e interesse no mundo: A capacidade de a criança se sentir calma, estar atenta e interessada no ambiente.
- – Envolvimento e relação emocional: Construção de conexões afetivas e interações com os outros.
- – Comunicação bidirecional: Envolve trocas recíprocas, como olhares, gestos ou vocalizações.
- – Resolução de problemas partilhada: Capacidade de colaborar para atingir um objetivo comum.
- – Uso de ideias simbólicas: Utilização do pensamento simbólico no brincar e na comunicação.
- – Pensamento lógico e emocional: Desenvolvimento da capacidade de ligar ideias e compreender relações causais.
I – Diferenças Individuais (Individual-Difference)
- Este modelo tem em consideração as diferenças individuais das crianças, incluindo as suas preferências, interesses e necessidades. Isso significa que as intervenções são altamente personalizadas para atender às necessidades únicas de cada criança.
- O modelo valoriza as características únicas de cada criança, incluindo:
- – Processamento sensorial e motor: Como a criança processa estímulos visuais, auditivos, táteis e motores.
- – Regulação emocional: Capacidade de gerir frustrações, emoções e mudanças.
- – Processamento cognitivo: Ritmo de aprendizagem e forma de interpretar o mundo.
R – Relacionamento (Relationship-Based)
- As relações interpessoais são a base do modelo. O Floortime promove interações emocionais significativas entre a criança e os cuidadores (pais, terapeutas ou professores) como suporte para o desenvolvimento, adaptando-se às capacidades e necessidades da criança. Através de interações cuidadosas e envolventes, o modelo visa promover o envolvimento emocional e social da criança.
FLOORTIME
- O Floortime é a abordagem presente dentro do modelo DIR. É um modo de intervenção que tem como principal foco envolver a criança numa relação afetiva. Estes são os seus princípios chave:
- – Seguir o Interesse da Criança: Os cuidadores observam atentamente o que interessa à criança e envolvem-se nessa atividade, mesmo que seja algo aparentemente simples, como brincar com um brinquedo favorito.
- – Aumento Gradual do Desafio: À medida que a criança se envolve, os cuidadores gradualmente introduzem desafios adicionais, incentivando o desenvolvimento de novas competências e a superação de obstáculos.
- – Comunicação Emocional: Durante essas interações, os cuidadores enfatizam a comunicação emocional, ajudando a criança a entender e expressar as suas emoções.
- – Promoção da Interação Social: O modelo incentiva a interação social, ajudando a criança a conectar-se com os outros de maneira mais profunda e significativa.
Técnicas no Floortime:
- – Utilizar vocalizações, gestos e expressões faciais para captar a atenção da criança.
- – Criar ciclos de comunicação (trocas recíprocas) para fortalecer as interações interpessoais.
- – Introduzir elementos de surpresa ou novidade no brincar para estimular a atenção conjunta.
- – Incorporar o processamento sensorial nas atividades, ajustando o ambiente às necessidades da criança.
Assim, o DIR/Floortime visa promover:
- – Melhor regulação emocional e sensorial;
- – Melhoria na comunicação verbal e não verbal;
- – Maior participação em brincadeiras simbólicas e criativas;
- – Desenvolvimento de competências sociais e de resolução de problemas.
- O Modelo DIR/Floortime é uma abordagem abrangente, que respeita as diferenças individuais das crianças e promove o desenvolvimento através de interações significativas. É amplamente utilizado em pediatria, sendo valorizado pela sua capacidade de integrar famílias e profissionais no processo terapêutico. Ao seguir o interesse da criança, aumentar gradualmente o desafio e promover a comunicação emocional, esta abordagem pode desempenhar um papel crucial na formação de crianças.
Tipo:
- Modelo de desenvolvimento relacional e baseado nas diferenças individuais. Combina intervenções terapêuticas com base no desenvolvimento emocional, diferenças sensoriais e motoras individuais, e relações interpessoais.
População:
- Crianças e jovens
Incapacidade:
- – Perturbações neurodesenvolvimentais;
- – Dificuldades no processamento sensorial e motor;
- – Atrasos na regulação emocional e social;
- – Dificuldades cognitivas e comportamentais.
Domínio da Ocupação:
- – Brincar;
- – Interação social;Comunicação;
- – Participação familiar e comunitária;
- – Regulação emocional e comportamento adaptativo.
Nota de aplicação:
- O modelo é aplicado principalmente por meio do Floortime, uma abordagem prática que envolve interações lúdicas entre cuidadores, terapeutas e crianças.
Referência chave:
- Greenspan, S. I., & Wieder, S. (1997). The Child with Special Needs: Encouraging Intellectual and Emotional Growth. Perseus Publishing.
Ano de publicação:
- 1997
Autor principal:
Stanley Greenspan (com coautoria de Serena Wieder).
- Para acederes a outras referências interessantes torna-te PRO
Conteúdo exclusivo membros OTbrain PRO!
Para teres acesso a este conteúdo e dezenas de benefícios clica no botão abaixo 👇
OTbrain PRO