Nome:
- Intervenções de base sensorial para gerir as dificuldades das crianças com Perturbação do Espectro do Autismo na Escola
Área de Ocupação:
- Educação
Citação:
- Wong, L. H. G. (2023). Sensory-Based Interventions for Managing Difficulties of Children with Autism Spectrum Disorder at School. Current Developmental Disorders Reports. https://doi.org/10.1007/s40474-023-00288-2
Resumo:
- Crianças com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) enfrentam sempre desafios significativos na escola, principalmente devido às dificuldades no processamento sensorial. Evidências recentes questionaram a eficácia de intervenções de base sensorial para crianças com PEA.
- O estudo começou com 271 artigos, tendo sido reduzidos para 16 após critérios de inclusão e exclusão, e que abrangiam quatro tipos de intervenção:
- (a) intervenções baseadas na Integração Sensorial de Ayres (ASI);
- (b) coletes ou mantas com peso;
- (c) assentos alternativos e (d) modificações ambientais.
- Apesar das limitações deste estudo, os efeitos mais positivos foram relatados dentro das intervenções ASI, assentos alternativos e das modificações ambientais, sendo que os coletes e mantas com peso foram maioritariamente relatados sem efeito.
- Esta revisão tem como objetivo melhorar a compreensão da eficácia das intervenções de base sensorial para crianças com PEA, centrando-se especialmente nas intervenções incorporadas no contexto escolar.
Principais resultados
- Este estudo encontrou os seguintes resultados para cada tipo de intervenção:
- Modificação Ambiental:
- – Estudo de Kinnealey et al. mostrou que modificações ambientais, como instalação de paredes absorventes de som e mudança da iluminação para halógena, resultaram numa diminuição nos comportamentos de não atenção em adolescentes com PEA.
- Assentos Alternativos:
- – Foram realizadas avaliações das necessidades sensoriais das crianças em dois dos estudos analisados.
- – Seis em dez crianças (60%) apresentaram melhoria nos comportamentos em sala de aula e na realização de tarefas com a utilização de bolas terapêuticas para se sentar.
- – Quatro em seis crianças (66,7%) melhoraram nos comportamentos enquanto se sentavam em almofadas de terapia.
- Coletes ou mantas com peso:
- – Cinco estudos sobre o uso de coletes ou mantas com peso em crianças com PEA mostraram que, apesar da variação no regime de implementação, apenas um dos treze participantes teve redução no comportamento estereotipado ao usar um colete com peso.
- Integração Sensorial de Ayres (ASI):
- – As intervenções ASI mostraram a melhor evidência de eficácia em comparação com outras intervenções de base sensorial;
- Um estudo comparou a terapia de integração sensorial com intervenções comportamentais, indicando maior eficácia das últimas na redução de comportamentos desafiadores.
- A intervenção “Sensory Activity Schedule” (SAS) mostrou-se eficaz, com crianças do grupo de tratamento melhorando significativamente mais do que o grupo de controlo
Implicações para a prática:
- Os resultados deste estudo têm as seguintes implicações para a prática da Terapia Ocupacional:
- Intervenções Personalizadas: Importância de abordagens individualizadas e a necessidade de avaliações detalhadas para determinar as intervenções mais eficazes para as diferentes necessidades das crianças com PEA, no contexto escolar;
- Modificação Ambiental: Os terapeutas ocupacionais devem considerar a importância de um ambiente de aprendizagem adaptado para as crianças com PEA, sendo alguns dos exemplos fornecidos neste estudo: utilização de paredes absorventes de som e iluminação adequada
- Assentos Alternativos: Os terapeutas ocupacionais devem avaliar individualmente cada criança de forma a perceber a necessidade de adequação das cadeiras na sala de aula, de forma a melhorar o comportamento e atenção na mesma. Uma estratégia sugerida neste estudo é a utilização de bolas terapêuticas ou almofadas,
- Coletes ou Cobertores Pesados: A eficácia dos coletes ou mantas com peso é variável. Os terapeutas devem ser cautelosos e realizar avaliações individualizadas para determinar a utilidade desses recursos para cada criança.
- Integração Sensorial de Ayres (ASI): A ASI surge como uma intervenção promissora, potencialmente mais eficaz do que outras técnicas. A inclusão de ASI no plano de intervenção é recomendada, juntamente com atividades baseadas no perfil sensorial da criança, como o “Sensory Activity Schedule”.
- Em resumo, os resultados deste estudo reforçam a necessidade de uma abordagem terapêutica individualizada e baseada em evidências na Terapia Ocupacional para crianças com PEA, com foco na avaliação e intervenção nas necessidades sensoriais individuais e na adaptação do ambiente para facilitar a aprendizagem e melhorar a participação das crianças no contexto escolar.
Limitações
- O autor indica as seguintes limitações deste estudo:
- – Viés de seleção devido à revisão individual: A pesquisa e seleção da literatura foram realizadas por um único revisor, o que pode levar a um viés de seleção. Geralmente, nas revisões sistemáticas, é recomendado que o processo de triagem e seleção seja realizado por mais que um revisor para garantir um consenso mais objetivo.
- – Inclusão apenas de artigos em inglês: A revisão limitou-se a artigos publicados em inglês, o que pode introduzir outro viés de seleção e limitar a generalização dos resultados para populações que não falam inglês.
- Estas limitações são importantes ao considerar a aplicabilidade dos resultados desta revisão, especialmente em termos de abrangência e diversidade das evidências incluídas.
Keywords:
- Perturbação do Espectro do Autismo (PEA); Perturbação do Processamento Sensorial (PPS); Intervenção de base sensorial; Integração Sensorial de Ayres; Intervenção na Escola
Língua:
- Inglês
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