Processo TO - 10 de Junho, 2025
#386 |Artigo| A Relação entre as Percepções Auto-relatadas das Crianças em Idade Escolar sobre a sua Consciência Interoceptiva e a Regulação Emocional: Um Estudo Exploratório
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A Relação entre as Percepções Auto-relatadas das Crianças em Idade Escolar sobre a sua Consciência Interoceptiva e a Regulação Emocional: Um Estudo Exploratório
- Citação: Cheung, H. Y. L., Brown, T., Yu, M. L., & Cheung, P. P. P. (2024). The Relationship Between School-Age Children’s Self-Reported Perceptions of Their Interoceptive Awareness and Emotional Regulation: An Exploratory Study. Journal of Occupational Therapy, Schools, & Early Intervention, 17(3), 704–730. https://doi.org/10.1080/19411243.2023.2215764
Resumo
- A consciência interoceptiva (CI) refere-se à capacidade de perceber e reconhecer sinais corporais internos. As nossas respostas comportamentais e emocionais aos sinais interoceptivos são determinadas pela autorregulação. Portanto, a CI e a autorregulação têm impactos consideráveis no envolvimento e desempenho ocupacional diário das crianças. No entanto, a relação entre CI e autorregulação, relevante para a prática da terapia ocupacional pediátrica, continua a carecer de evidência empírica. Este estudo explora a associação entre a CI auto-relatada por crianças em idade escolar, a regulação emocional e a autorregulação académica. Vinte e cinco crianças completaram o Cognition Emotion Regulation Questionnaire – Child Version (CERQ-k), a Multidimensional Assessment of Interoceptive Awareness – Youth Version (MAIA-Y) e a Academic Self-Regulation Scale (ASRS); os pais/cuidadores preencheram um questionário demográfico (n = 25). Os dados foram analisados usando a correlação de Spearman (ρ) e análises de regressão linear.
Principais Resultados
- O estudo identificou associações estatisticamente significativas entre diversas dimensões da consciência interoceptiva auto-relatada e estratégias de regulação emocional e académica nas crianças participantes.
- – A subescala “autorregulação” da MAIA-y revelou uma correlação positiva moderada a forte com estratégias cognitivas de reavaliação emocional, sugerindo que as crianças com maior capacidade para gerir as suas sensações internas tendem a adotar estratégias mais adaptativas face a situações emocionais desafiantes.
- – A subescala “confiança” foi um forte preditor da autorregulação académica autónoma, indicando que confiar nas sensações do próprio corpo está associado a uma maior motivação intrínseca para o envolvimento nas atividades escolares.
- – A subescala “não-distrair” demonstrou uma correlação negativa significativa com estratégias de reavaliação positiva e planeamento, apontando para o facto de que crianças que não evitam as suas sensações internas podem estar mais conscientes das suas emoções, embora nem sempre utilizem estratégias cognitivas complexas de regulação.
- No total, foram encontradas 19 correlações significativas entre subescalas da MAIA-y e do CERQ-k e 14 correlações entre a MAIA-y e o ASRS, reforçando a existência de uma relação relevante entre consciência corporal, regulação emocional e motivação académica.
Implicações para a prática
- Este estudo reforça a importância de considerar a consciência interoceptiva auto-relatada como uma componente relevante na avaliação de crianças em idade escolar, mesmo na ausência de condições clínicas diagnosticadas.
- – Os resultados sugerem que a avaliação da CI pode oferecer informações valiosas sobre as capacidades de autorregulação emocional e académica, possibilitando uma melhor definição de metas terapêuticas.
- – Os autores recomendam que os terapeutas ocupacionais considerem incluir a avaliação da CI como parte do planeamento de intervenção, especialmente no contexto da prática pediátrica em ambiente escolar.
- – A utilização de ferramentas validadas como o MAIA-y é apoiada pelos dados do estudo, evidenciando a sua adequação na recolha de perceções subjetivas das crianças sobre os seus sinais corporais internos.
- – A abordagem auto-relatada, utilizada neste estudo, é justificada pela natureza subjetiva da experiência sensorial, sendo reconhecida como uma forma eficaz de captar informação significativa e centrada na criança.
- Estas implicações contribuem para um enquadramento mais sensível e individualizado da intervenção terapêutica, permitindo que o terapeuta ocupacional compreenda melhor o modo como a criança interpreta e responde aos seus estados internos.
Limitações
- Os autores reconhecem várias limitações que devem ser consideradas na interpretação dos resultados deste estudo:
- – O tamanho reduzido da amostra (n = 25) limita a generalização dos resultados para outras populações e contextos educativos.
- – Os dados foram obtidos exclusivamente através de instrumentos de auto-relato preenchidos pelas crianças, o que pode introduzir viés subjetivo, especialmente tendo em conta a faixa etária dos participantes.
- – O estudo incluiu apenas crianças tipicamente desenvolvidas, o que impede a comparação com grupos clínicos e reduz o alcance dos resultados para populações com necessidades específicas.
- Os autores sugerem que futuras investigações com amostras mais amplas, diversificadas e métodos complementares poderiam aprofundar a compreensão da relação entre consciência interoceptiva e autorregulação na infância.
Palavras-chave
- Consciência Interoceptiva; Regulação Emocional; Autorregulação Académica; Auto-Relato; Infância; Terapia Ocupacional Pediátrica
Língua
- Inglês
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