Processo TO - 10 de Dezembro, 2024
#332 |Artigo| Necessidades de Ajustes Ambientais de Crianças com Necessidades Educativas Especiais em Escolas Regulares Austríacas: A Perspectiva da Criança e do Professor
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Necessidades de Ajustes Ambientais de Crianças com Necessidades Educativas Especiais em Escolas Regulares Austríacas: A Perspectiva da Criança e do Professor
- Citação: Morgenthaler, T., Kramer-Roy, D., & Schulze, C. (2023). Environmental Adjustment Needs of Children with Special Educational Needs in Austrian Mainstream Schools: The Child and Teacher Perspective. Journal of Occupational Therapy, Schools, & Early Intervention, 16(2), 138-159. https://doi.org/10.1080/19411243.2022.2027838
Resumo
- Este estudo explorou as necessidades de ajuste ambiental para crianças com necessidades educativas especiais (NEE) em escolas regulares da Áustria, a partir das perspetivas das crianças e dos seus professores. O objetivo deste estudo é compreender melhor os ajustes necessários para aumentar a participação escolar dessas crianças. Especificamente, o propósito foi explorar o ajuste entre a criança e o ambiente escolar, a partir da perspetiva das crianças com NEE e dos seus professores, a fim de promover uma participação adequada nas atividades escolares. Foram levantadas as seguintes questões de investigação: Quais são as necessidades de ajuste ambiental das crianças com NEE em escolas regulares austríacas? Existem diferenças entre as perspetivas das crianças e dos seus professores?
- Para responder a estas questões, realizou-se um estudo transversal com pares combinados, que envolveu vinte e cinco crianças (com média de idade de 12,5 anos) e vinte e um professores de seis escolas secundárias austríacas. As entrevistas foram baseadas no School Setting Interview (SSI) e os dados foram analisados estatisticamente com o teste de Wilcoxon-Sign Rank, além de uma análise de conteúdo qualitativa.
- Os resultados indicam que a perceção do ajuste entre o estudante e o ambiente escolar difere entre as atividades escolares e entre as perspetivas das crianças e dos professores. Em três das dezasseis atividades escolares analisadas, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre as crianças e os professores. As crianças percecionaram mais necessidades não atendidas em comparação com os professores. A maior parte dos ajustes relatados enquadra-se na dimensão social do ambiente escolar.
Principais Resultados
- Os resultados do estudo evidenciaram discrepâncias significativas entre as perceções das crianças com necessidades educativas especiais (NEE) e dos seus professores no que se refere ao ajustamento necessário para uma participação adequada nas atividades escolares. As crianças identificaram mais barreiras do que os professores, sugerindo que as suas necessidades são frequentemente subvalorizadas ou mal compreendidas pelos adultos responsáveis pelo seu processo educativo.
- Três atividades escolares foram particularmente problemáticas, conforme percecionado pelas crianças: “escrever”, “obter ajuda” e “fazer matemática”:
- – Para “escrever”, as crianças relataram desafios relacionados com a falta de tempo suficiente e a dificuldade em lidar com a quantidade de trabalho escrito.
- – Em termos de “obter ajuda”, muitas crianças indicaram que os professores estavam frequentemente ocupados para oferecer apoio imediato, além de referirem um certo receio em pedir ajuda, seja por vergonha ou por medo de incomodar.
- – Já na atividade de “fazer matemática”, os desafios incluíram dificuldades na compreensão dos conceitos e na execução dos exercícios, com algumas crianças a expressar dificuldades em acompanhar o ritmo das aulas.
- Uma constatação importante é que a maior parte dos ajustes necessários, segundo as crianças, diz respeito ao ambiente social. As crianças sentem necessidade de um ambiente mais acolhedor, onde possam sentir-se confortáveis a pedir ajuda e onde exista uma maior compreensão das suas dificuldades. Enquanto os professores, em geral, subestimam a importância destes fatores sociais, focando-se mais em questões técnicas ou materiais, as crianças evidenciam a relevância de serem compreendidas e apoiadas num contexto relacional.
- Assim, os resultados sugerem a necessidade de uma maior sensibilização dos professores em relação às barreiras sociais enfrentadas pelas crianças com NEE, e a importância de incluir as próprias crianças no processo de decisão sobre os ajustes necessários, de modo a garantir que as suas vozes sejam ouvidas e que os ajustes sejam verdadeiramente eficazes.
Implicações para a prática
- 1. Promoção da participação ativa das crianças – Envolver as crianças nas decisões sobre os ajustes necessários pode facilitar a criação de um ambiente mais adequado.
- 2. Foco na dimensão social do ambiente escolar – Os terapeutas ocupacionais devem colaborar com a escola para melhorar as relações sociais, nomeadamente incentivando práticas que promovam o apoio entre pares.
- 3. Adaptação do ambiente físico e ocupacional – Ajustar as condições físicas, como a disposição da sala e o fornecimento de dispositivos de assistência, além de adequar as atividades às capacidades da criança, de forma a melhorar o seu desempenho.
- 4. Apoio individualizado – Estabelecer momentos dedicados a apoio individual para que as crianças não se sintam perdidas ou intimidadas em relação à solicitação de ajuda.
- 5. Capacitação dos professores – Desenvolver formação para que os professores consigam identificar e responder melhor às necessidades das crianças com NEE, principalmente em relação ao apoio durante as atividades escolares.
Limitações
- Os autores do artigo mencionam as seguintes limitações do estudo:
- – Tamanho da Amostra: A amostra foi relativamente pequena, com apenas 25 crianças e 21 professores, o que limita a capacidade de generalização dos resultados.
- – Localização Limitada: Os participantes foram recrutados apenas numa região da Áustria, o que limita a generalização dos resultados.
- – Entrevistas em Diferentes Locais: As entrevistas foram realizadas em diferentes ambientes (escola e casa), o que pode ter influenciado as respostas das crianças devido às diferentes condições de conforto e contexto.
Palavras-chave
- Necessidades Educativas Especiais; Participação Escolar; Ajuste Ambiental; Inclusão; Barreiras na Educação; Terapia Ocupacional
Língua
- Inglês
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